Vivemos num contexto histórico onde as novas tecnologias fazem parte do nosso cotidiano, particularmente a internet, deixando de ser simplesmente um instrumental para se tornar também um espaço existencial onde se compartilha experiências humanas, sobretudo através das redes sociais. O Papa Bento XVI afirmou que o chamado “ambiente digital não é um mundo virtual, mas é parte da realidade cotidiana de muitas pessoas, especialmente dos jovens.” Em outra ocasião ele também disse que “o desenvolvimento das redes sociais é muito ambicioso: as pessoas pretendem não só construir relações, encontrar amizade, obter respostas para suas perguntas, divertir-se etc, mas é também sentir-se estimuladas intelectualmente e compartilhar competências e conhecimentos”. Na sua mensagem para a Jornada de Comunicação de 2011, o mesmo pontífice declarou que “quando as pessoas se intercambiam informações, participam já de uma codivisão de si mesmas, de uma visão do mundo, de suas esperanças, de seus ideais...” Atualmente o Papa Francisco, numa recente mensagem para a Jornada Mundial das Comunicações de 2014, definiu o poder das novas mídias como “proximidade”, pois é preciso observar bem como o significado mesmo de “próximo” evolui precisamente por causa das redes que eliminam as barreiras do espaço e do tempo.”Ele tem afirmado categoricamente que ”a internet pode oferecer maiores possibilidades de encontro e de solidariedade entre todos, sendo isto algo bom, um dom de Deus”.
Prescindindo de alguns aspectos negativos e preocupantes existentes nas redes sociais, sobretudo do mal uso para divulgar, difamar e ofender a dignidade das pessoas, quebrando a privacidade e difundindo superficialidades, temos que ter a capacidade de ver os aspectos positivos destas novas tecnologias, tidas hoje como um espaço antropológico que, quando bem conhecido e utilizado, pode se constituir um meio eficaz para expor as ideias, construir novas relações, ser pontes de solidariedade, compartilhar preocupações, denunciar situações de injustiça e aprofundar temáticas espirituais.
A dependência destes recursos tecnológicos nos obriga a repensar as nossas metodologias de ensino, e a criar ambientes digitais no processo educativo. O professor atual passa a ter uma dupla tarefa, pois ao mesmo tempo em que não pode prescindir desses novos recursos para fazer chegar aos seus alunos os conteúdos científicos disponíveis na internet, tem também a missão de ajudar a criar nos educandos uma consciência crítica sobre tudo aquilo que está sendo divulgado nas novas mídias, sempre zelando pela verdade e a profundidade daquilo que é difundido e disponibilizado. Temos que ter a sabedoria de discernir aquilo que é superficialidade e profundidade, veracidade e falsidade, utopia e realidade. Na oportunidade, gostaria de agradecer a todos que organizaram e participaram do seminário, “A internet e a nossa vida,” realizado na PUC-Rio, no dia 5 de setembro, cuja temática nos ajudou a aprofundar estas questões desafiadoras.
Pe. Josafá Carlos de Siqueira, S.J.
Reitor da PUC-Rio
Fonte: ArqRio